Eu nunca havia passado por nada tão forte, tão surpreendente, tão sem explicação. Então, nos primeiros dois dias após àquela tempestade eu achava natural passar vagarosamente em frente à tal borracharia, mas passou-se uma semana, quinze dias, um mês e eu não conseguia ignorar aquele dia. Até que, num dia qualquer, resolvi entrar, sentar-me no velho colchão e lembrar daquela louca tarde.Mas não fui a única a ter essa idéia.
Ao subir as escadas me deparei com ele recostado no colchão. Seco, desta vez, porém ainda mais lindo. Com um sorriso nos lábios me disse:
- “eu sabia que você vinha”
Milhões de pensamentos passaram pela minha cabeça e pelo meu coração em questão de frações de segundos, mas minha boca não conseguiu pronunciar nenhuma. Quando percebi ele já estava com a mão na minha cintura, beijando meu pescoço. Tirou minha blusa, permitiu que eu tirasse sua camiseta. Era tão bom ser dele novamente. Eu tinha acabado de perceber que tinha sentido muita saudade dele. Seus beijos, o jeito como ele me tocava, continuavam sendo os melhores.
Mas por um momento passou pela minha cabeça resistir.Afinal, nunca sonhei em perder minha virgindade com um cara que havia visto apenas uma vez em toda minha vida, que eu não sabia nem o nome. E como dizer isso? Como pedir pra parar algo que eu estava amando? Não consegui.
Então me entreguei. E foi diferente do que sempre pensei que pudesse ser a minha primeira vez. Nada de dor ou desconforto. Tudo de desejo e prazer. Tive a certeza de que foi melhor do que se tivesse sido em Miami Beach, ao luar, com meu príncipe encantado, como algumas vezes eu sonhei. De cansaço e satisfação adormeci. E outra vez o perdi.
Só me restava mais uma vez voltar pra casa e fingir mais uma vez que nada de mais havia se passado comigo. Praticamente não saía do quarto, tentando entender o que tinha acontecido comigo nesse ultimo mês. Eu tinha duas certezas, opostas, mas certezas: Eu não era apaixonada por ele. E eu sabia que tudo tinha valido a pena,mesmo sem amor.
Alguns dias se passaram até que sucumbi a tentação de voltar à borracharia e em cima daquele velho, rasgado, porém tão importante, colchão encontrei um bilhete que dizia:
“Eu Sabia que você viria. Mas hoje não pude esperar, por isso nossa despedida será por meio deste bilhete. Fico feliz em ter sido importante pra você, Marcela (sim, eu li seu nome na capa do seu caderno, no dia da tempestade). Você também foi especial pra mim. Mas me caso neste final de semana e esse é o motivo pelo qual peço que não volte a me procurar aqui, pois não voltarás a me encontrar. Ah, você precisa saber: meu nome é Pedro.”
Minha tranqüilidade e até felicidade com aquelas palavras surpreenderiam qualquer pessoa. Mas eu, que sabia que tudo que eu tinha com ele era atração, era desejo, estava vibrando com o fato de ao menos saber o nome daquele que eu jamais esqueceria, ainda que nunca mais o visse.
FIM
Lélih Haubert
3 comentários:
Uau...adorei o romance,conseguiu me prender e li tudoo...parabéns amigaaa
Nossa, está de Parabéns Arieli, muito bom mesmo, gostei , continue sempre progredindo ;D bjs, @_anneplank
conseguiu me prender também, muito bom :)
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