quinta-feira, 21 de abril de 2011

Conto - O Trio - Parte 1

Típico amor de infância. Assim era a relação da Karina com o Anderson. Acompanhei cada detalhe, de tudo. Desde o primeiro cartãozinho com uma bala, aos 8 anos, até o casamento deles, há dois anos atrás, quando estávamos todos com 20 anos. Um nunca pensou em relacionar-se com outra pessoa a não ser o outro. E eu nunca os vi de outra forma a não ser como meus melhores amigos.

Sempre ‘cuidei’ da Ka pro Anderson. Ela sempre soube de todos meus segredos, eu dos dela. Por outro lado sempre ouvi muito o Ande, éramos amigos mesmo, ríamos muito quando estávamos juntos. Desde os tempos da escola éramos o trio inseparável, nada parecia ser capaz de mudar esse sentimento de irmandade que tínhamos um pelo outro. É, parecia.

A última vez que nos vimos foi no dia do casamento deles, pois depois disso saí de Pelotas, nossa cidade natal, pra cursar publicidade em Porto Alegre. Minhas conversas com ela não diminuíram, desde então, apenas ela passou a me contar inclusive detalhes de sua vida conjugal por telefone, MSN, skype e afins. Com ele a coisa mudou um pouco, ele não era tão adepto assim desses meios de comunicação, então passamos a nos falar mais em datas comemorativas, apenas. Em dois anos não tive tempo de voltar pra lá, eu estudava, trabalhava e nas férias que tive aproveitei pra viajar, curtir um pouco minha vida que estava tomada por livros e programas de edição de imagem e etc. Namorar era palavra que eu não conhecia, pelo menos não no momento, me faltava tempo pra qualquer projeto de relacionamento sério. Mas eu sabia levar e nunca chegava a subir pelas paredes.

Numa terça-feira qualquer, na minha rotineira visita aos meus e-mails encontro um da Karina:
“Amanda, minha amiga, nessa sexta o Ande está indo aí para Porto para uma palestra pro pessoal que faz facul na área da comunicação. Eu adoraria ir junto, para ver-te, estou com muitas saudades, mas não poderei. Cuide dele pra mim? Rsrsrs “

Esse e-mail dela não era nada mais do que, diante da nossa amizade, eu poderia esperar. Claro que eu respondi que cuidaria dele e que o levaria para conhecer a capital, era o que ela esperava de mim também. No mesmo dia, à noite, descobri que também estava convidada para a tal palestra. Melhor ainda. Mais tempo com o meu amigo eu iria passar.

Eis que chega a sexta-feira. Dispensa do serviço garantida para um dia de palestras. Parecia ruim, mas estava animada por ver o Ande depois de tanto tempo. Porém, logo ao chegar no salão e cumprimentá-lo reparei que algo estava errado, algo havia mudado nele, mas achei que era encanação minha e lá ficamos, por longas horas ouvindo mil teorias. Ao final, ele me chamou pra irmos pro hotel onde ele estava hospedado junto com o pessoal da faculdade dele. Não era novidade jantar com o Anderson, jogarmos conversa fora, rirmos. Mas o jeito como ele estava agindo era novidade sim.

(Continua...)

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