quinta-feira, 21 de abril de 2011

Conto - O Trio - Parte 2

Puxar a cadeira para eu sentar? Fazer massagem nos meus ombros ao passar atrás de mim? Isso não era normal. Porém, jantamos como grandes amigos mesmo. Tivemos conversas que havia dois anos que não tínhamos. Quando terminamos ele falou que ia subir, fazer uma ligação e eu me despedi para ir embora. Já dentro do meu carro lembrei que a Karina tinha prometido me mandar por ele algumas lembranças e resolvi voltar para pegá-las, eu estava curiosa. Subi, toquei no quarto dele, pedi os objetos e perguntei até quando ele ficaria por aqui. Com o jeito tranqüilo – para não dizer outra coisa – do Anderson, ele sentou, me explicou todos os seus planos para o seu sábado em POA, invés de falar enquanto procurava na bagagem o que eu tinha vindo buscar.

De repente, gelei. Senti o pé dele subindo pela minha perna e isso estranhamente me arrepiava. PORRA, ELE É MEU AMIGO! – foi o que gritei pra mim mesma, até ele me beijar. E que beijo! Jamais eu havia visto o Ande de outra forma, mas naquele momento eu o desejava com todas as minhas forças. Um homem lindo como ele sempre foi, explodindo de tesão por mim como ele estava e sabendo tocar nos meus pontos fracos mesmo sem os conhecê-los, isso fez com que eu pegasse fogo.

Silencioso tirou minha blusa e sua camiseta. Arrancou meu sutiã e fez o que quis com meus seios, lambeu, beijou, mordeu, acariciou. Beijou desde a minha boca até abaixo do meu umbigo, quando abriu minha calça e colocou sua mão lá dentro. Eu estava sem reação, mas precisava mudar este quadro. Passei minha mão no seu pênis ainda por cima da calça, mordisquei seus lábios, dei uma cravadinha das minhas unhas nas costas nuas e fortes dele. Abri a calça, abaixei levemente sua cueca boxer branca e comecei a bater uma punheta pra ele. Ainda sem dizer nada ele me pegou pela raiz inferior dos cabelos e me forçou para baixo. Ainda tentei resistir, mas naquele momento resistir a fazer oral nele já estava praticamente impossível. Mas parei antes que ele gozasse. O fiz com a mão mesmo. Fim da nossa loucura. Me recompus enquanto ele se trocava.

Quando ele voltou do banheiro sentamos na cama, cara a cara, tentando entender o que havíamos acabado de fazer, até que o Ande tentou se explicar:
“Mandinha, eu amo a Karina, ela é a mulher da minha vida, sempre foi e sempre vai ser. Mas você é linda, e aqui, no meu quarto, não pude resistir. Mas, hey, esse fica um segredo nosso né?”

Ele achava o que? Que eu ia contar pra Ka?

“Claro né, Anderson, isso nunca vai sair daqui, caso contrário estamos os dois perdidos, arruinaria a vida de nós dois” – foi o que respondi.

Numa troca de olhares cúmplice e canalha afirmamos que confiávamos um no outro. No dia seguinte só nos vimos quando fui até a rodoviária me despedir dele, quando ele estava a poucos minutos de voltar para Pelotas. E então éramos apenas os velhos amigos de sempre.

By Lélih Haubert

Conto - O Trio - Parte 1

Típico amor de infância. Assim era a relação da Karina com o Anderson. Acompanhei cada detalhe, de tudo. Desde o primeiro cartãozinho com uma bala, aos 8 anos, até o casamento deles, há dois anos atrás, quando estávamos todos com 20 anos. Um nunca pensou em relacionar-se com outra pessoa a não ser o outro. E eu nunca os vi de outra forma a não ser como meus melhores amigos.

Sempre ‘cuidei’ da Ka pro Anderson. Ela sempre soube de todos meus segredos, eu dos dela. Por outro lado sempre ouvi muito o Ande, éramos amigos mesmo, ríamos muito quando estávamos juntos. Desde os tempos da escola éramos o trio inseparável, nada parecia ser capaz de mudar esse sentimento de irmandade que tínhamos um pelo outro. É, parecia.

A última vez que nos vimos foi no dia do casamento deles, pois depois disso saí de Pelotas, nossa cidade natal, pra cursar publicidade em Porto Alegre. Minhas conversas com ela não diminuíram, desde então, apenas ela passou a me contar inclusive detalhes de sua vida conjugal por telefone, MSN, skype e afins. Com ele a coisa mudou um pouco, ele não era tão adepto assim desses meios de comunicação, então passamos a nos falar mais em datas comemorativas, apenas. Em dois anos não tive tempo de voltar pra lá, eu estudava, trabalhava e nas férias que tive aproveitei pra viajar, curtir um pouco minha vida que estava tomada por livros e programas de edição de imagem e etc. Namorar era palavra que eu não conhecia, pelo menos não no momento, me faltava tempo pra qualquer projeto de relacionamento sério. Mas eu sabia levar e nunca chegava a subir pelas paredes.

Numa terça-feira qualquer, na minha rotineira visita aos meus e-mails encontro um da Karina:
“Amanda, minha amiga, nessa sexta o Ande está indo aí para Porto para uma palestra pro pessoal que faz facul na área da comunicação. Eu adoraria ir junto, para ver-te, estou com muitas saudades, mas não poderei. Cuide dele pra mim? Rsrsrs “

Esse e-mail dela não era nada mais do que, diante da nossa amizade, eu poderia esperar. Claro que eu respondi que cuidaria dele e que o levaria para conhecer a capital, era o que ela esperava de mim também. No mesmo dia, à noite, descobri que também estava convidada para a tal palestra. Melhor ainda. Mais tempo com o meu amigo eu iria passar.

Eis que chega a sexta-feira. Dispensa do serviço garantida para um dia de palestras. Parecia ruim, mas estava animada por ver o Ande depois de tanto tempo. Porém, logo ao chegar no salão e cumprimentá-lo reparei que algo estava errado, algo havia mudado nele, mas achei que era encanação minha e lá ficamos, por longas horas ouvindo mil teorias. Ao final, ele me chamou pra irmos pro hotel onde ele estava hospedado junto com o pessoal da faculdade dele. Não era novidade jantar com o Anderson, jogarmos conversa fora, rirmos. Mas o jeito como ele estava agindo era novidade sim.

(Continua...)